Mendigos da rua Santana: A Imagem Proibida.
Era manhã, em torno de nove horas, no ano de 1977. Fui designado para cobrir o treino de Vasco sem repórter, e “caprichar” na foto do Roberto Dinamite, o maior ídolo do Vasco, na época. Segundos depois da saída do jornal, o carro indo pela rua Santana em direção à presidente Vargas, vejo um grupo de moradores de rua, em diversas situações que me chamaram a atenção. Afinal, uma das principais características do repórter-fotográfico estar sempre atento, “de olho no lance”. Saltei do carro e fiz um filme do grupo, bebendo, brigando, discutindo, dialogando. Era um grupo heterogêneo, parecendo excitados, sob efeito de estimulantes. Fiz as fotos em uns cinco minutos mais ou menos e fui cumprir a pauta que me foi designada, o treino do Vasco.
Na volta, em torno de 11,30h, resolvi dar uma olhada para ver se ainda estavam lá. Estavam, e ainda mais “animados”, talvez sob o efeito do álcool e éter que estavam consumindo... Um deles começa a acariciar uma das moradoras de rua, as cenas de agressividade se transformam em cenas de carinho. Depois de algumas carícias, passam a praticar sexo oral. Estava a uma distância de mais ou menos 25 metros, pois temia alguma reação. Afinal de contas, era uma invasão de privacidade, pois aquela parte da rua era a “casa” deles.
Fui para o jornal, revelei os filmes do treino e dos mendigos. A seqüência fotográfica passou por toda redação e pela diretoria, sendo motivo de risos de maneira geral., embora deveriam chorar. Mas não foi publicada, pois seria um “atentado à moral e aos costumes”, conforme a opinião dos editores que haviam submetido as imagens ao crivo do dono do jornal.
O argumento de atentado à moral e incitamento à subversão, previstos na Lei de Segurança Nacional me renderam processo e um exaustivo interrogatório na Policia Federal. Afinal, estávamos ainda nos “anos de chumbo”.
A sequência foi publicada na íntegra no jornal alternativo O Repórter, com um belíssimo e pequeno texto em forma de poema do inesquecível Tim Lopes e, junto com outras imagens (zona de meretrício e outras), me renderam o processo citado acima
Na Polícia Federal o delegado tentou mostrar que eu havia induzido os mendigos a praticar as situações mostradas nas fotos, e que eu deveria, como um bom cidadão (segundo o delegado), ter impedido aquelas cenas em frente (no pátio) da Igreja de Santana, em baixo do busto do cardeal Dom Sebastião Leme. As fotos seriam uma provocação e um atentado à moral vigente. Argumentei e pedi perícia para provar que estava a mais de 25 metros de distância, não tendo influência na situação social (eu usava uma objetiva de 135mm), e que estávamos próximos a uma delegacia de policia, a 6ª DP. Os agentes da lei teriam ou não possibilidade de influir na cena. O bom senso prevaleceu e o processo foi arquivado.
Câmera Nikon F objetiva Nikkor 135mm, filme Kodak T-X (400 ISO). Imagens sem manipulação.
Era manhã, em torno de nove horas, no ano de 1977. Fui designado para cobrir o treino de Vasco sem repórter, e “caprichar” na foto do Roberto Dinamite, o maior ídolo do Vasco, na época. Segundos depois da saída do jornal, o carro indo pela rua Santana em direção à presidente Vargas, vejo um grupo de moradores de rua, em diversas situações que me chamaram a atenção. Afinal, uma das principais características do repórter-fotográfico estar sempre atento, “de olho no lance”. Saltei do carro e fiz um filme do grupo, bebendo, brigando, discutindo, dialogando. Era um grupo heterogêneo, parecendo excitados, sob efeito de estimulantes. Fiz as fotos em uns cinco minutos mais ou menos e fui cumprir a pauta que me foi designada, o treino do Vasco.
Na volta, em torno de 11,30h, resolvi dar uma olhada para ver se ainda estavam lá. Estavam, e ainda mais “animados”, talvez sob o efeito do álcool e éter que estavam consumindo... Um deles começa a acariciar uma das moradoras de rua, as cenas de agressividade se transformam em cenas de carinho. Depois de algumas carícias, passam a praticar sexo oral. Estava a uma distância de mais ou menos 25 metros, pois temia alguma reação. Afinal de contas, era uma invasão de privacidade, pois aquela parte da rua era a “casa” deles.
Fui para o jornal, revelei os filmes do treino e dos mendigos. A seqüência fotográfica passou por toda redação e pela diretoria, sendo motivo de risos de maneira geral., embora deveriam chorar. Mas não foi publicada, pois seria um “atentado à moral e aos costumes”, conforme a opinião dos editores que haviam submetido as imagens ao crivo do dono do jornal.
O argumento de atentado à moral e incitamento à subversão, previstos na Lei de Segurança Nacional me renderam processo e um exaustivo interrogatório na Policia Federal. Afinal, estávamos ainda nos “anos de chumbo”.
A sequência foi publicada na íntegra no jornal alternativo O Repórter, com um belíssimo e pequeno texto em forma de poema do inesquecível Tim Lopes e, junto com outras imagens (zona de meretrício e outras), me renderam o processo citado acima
Na Polícia Federal o delegado tentou mostrar que eu havia induzido os mendigos a praticar as situações mostradas nas fotos, e que eu deveria, como um bom cidadão (segundo o delegado), ter impedido aquelas cenas em frente (no pátio) da Igreja de Santana, em baixo do busto do cardeal Dom Sebastião Leme. As fotos seriam uma provocação e um atentado à moral vigente. Argumentei e pedi perícia para provar que estava a mais de 25 metros de distância, não tendo influência na situação social (eu usava uma objetiva de 135mm), e que estávamos próximos a uma delegacia de policia, a 6ª DP. Os agentes da lei teriam ou não possibilidade de influir na cena. O bom senso prevaleceu e o processo foi arquivado.
Câmera Nikon F objetiva Nikkor 135mm, filme Kodak T-X (400 ISO). Imagens sem manipulação.
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